«Que significado terá o zumbido das abelhas no interior da colmeia? Serve-lhes para se comunicarem umas com as outras? Ou é um simples efeito da natureza, a mera consequência de estar vivo, sem prévia consciência nem intenção, como uma macieira dá maçãs sem ter que preocupar-se se alguém virá ou não comê-las? E nós? Falamos pela mesma razão que transpiramos? Apenas porque sim? O suor evapora-se, lava-se, desaparece, mais tarde ou mais cedo chegará às nuvens. E as palavras? Aonde vão? Quantas permanecem? Por quanto tempo? E, finalmente, para quê?» - José Saramago, 86 anos
4 comentários:
Eu gostei muito da parte seguinte, quando ele fala do avô que, antes de morrer, se abraçou às árvores que plantara, e do seu impulso de se abraçar às palavras.
Também gostei dessa parte :)
E nós, vamo-nos abraçar a quê?
Eu ontem fazia 45 anos - era o dia errado para levantar essa questão.
Parabéns Helena!
Abracamo-nos ao mesmo que o avô do Saramago e o próprio Saramago - à vida. As árvores e as palavras significam para eles a vida e é isso que querem abraçar. Não querem morrer.
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