e vejo o cesto de batatas que a Isabel me deixou ao pé da porta. Ela é assim. Vem sorrateira, sem ninguém se aperceber, e deixa-me as coisas sem esperar que lhe diga obrigada, que a convide a entrar, lhe faça um chá. Estou sempre a encontrar coisas órfãs na minha entrada.
Os escuteiros são barulhentos. Fazem-se anunciar de longe, batendo nos tambores e deitando foguetes, mas não vêm deixar nada. Vêm pedir dinheiro para a festa, para a igreja, para os bombeiros. Na aldeia o povo dá em silêncio, como se tivesse medo de ouvir uma recusa, e pede com barulho, como se quisesse avisar com antecedência que vem pedir, como se nos quisesse dar tempo para fingir que não estamos em casa.
sábado, 30 de agosto de 2008
Chego ao jardim
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
na minha aldeia também é assim. só que não há escuteiros, em vez deles, temos os mordomos da festa.
(no inverno, às vezes, também bate o entrudo, mas é só para o susto...)
que bom post :)
Ah os mordomos! Acho que por aqui já não há. Não me incomoda muito o barulho do peditório mas detesto foguetes. Lançam um foguete em cada entrada. É por bem, eu sei, mas não posso com eles. Felizmente acontece poucas vezes :)
Enviar um comentário