Vi a reportagem dos pescadores portugueses abandonados na Corunha. O homem explicava que tinha sido tudo verbal, não assinaram nenhum papel, contracto ou coisa que lhes valha perante a lei. Foram só palavras verbais. A jornalista perguntava porque tinham confiado e ele, olhando-a com aquela condescendência que se oferece a quem nada sabe de sobrevivência, de peixes e de mar, disse que quem precisa tem de se agarrar a tudo.
Houve um tempo em que as palavras verbais valiam mais do que um papel. Era o tempo em que muito poucos sabiam ler e escrever. Não havia honra num papel que ninguém entendia, que precisava de um advogado como intérprete, e que não substituía a segurança antiga das palavras faladas. Hoje já só vale a palavra escrita e eu estou convencida que a nossa perda de memória das coisas verdadeiramente importantes é disso consequência.
Houve um tempo em que as palavras verbais valiam mais do que um papel. Era o tempo em que muito poucos sabiam ler e escrever. Não havia honra num papel que ninguém entendia, que precisava de um advogado como intérprete, e que não substituía a segurança antiga das palavras faladas. Hoje já só vale a palavra escrita e eu estou convencida que a nossa perda de memória das coisas verdadeiramente importantes é disso consequência.

fotogafia de Roland N.
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